quarta-feira, 26 de junho de 2013

Não esqueceria aquele rosto

Ela tinha um rosto que eu não poderia lembrar
Nem com todas as coca-colas que tomo,
Nem pixando paredes, nem limpando a mente,
Quase dormindo em posição de lótus
Sobre o tapete da sala, nem distraído no banho,
Nem deitado no sofá
E ainda menos olhando a minha cara no espelho.
Eu não me lembraria dela quando reparasse
Os ângulos das pessoas e das casas
Olhando triste pelo vidro do trem
Nem quando sentisse o cheiro de pipoca,
De feijão ou de sorvete no McDonald’s
Do Centro, atrás da Galeria do Rock,
Nem quando algo em meu rosto apertasse
As glândulas para expor as lágrimas
Como água suja correndo nas calçadas
Eu não me lembraria dela nem que me dessem
Tempo ou muito dinheiro ou uma oferta de emprego
Nem que me pagassem para assistir a um filme
De arte nas tardes de domingo,
Solidário, egoísta e apaixonado
Eu não lembraria sua voz, seu rosto,
As marcas de suas costas, suas mãos
Suadas e apertadas com força sob as minhas
Nem gotas de suor que minavam em seu rosto
Nem o seu inconfundível hálito depois de amar
Não poderia, por ser impossível, lembrar-me
Do que sou, e só o sou em você,
Porque parte de mim está aqui
E outra procura por nós, em mim

terça-feira, 25 de junho de 2013

Meu partido - ao Rogério

"Meu partido (I)" - ao Rogério Britto

Eu faço parte de um partido em mil pedaços
Mil anseios em estilhaços
Meu partido vagabundo
Não quer mais que mudar seu mundo
Meu partido
Não quer voto, a não ser de amizade
Não quer adepto, nem bandeira
Nem cuidar da vida alheia
Recusa-se à negociação
Ao acordo e à coleira
Meu partido vai às ruas
Sabendo-se usuário, nunca o dono
Do pedaço – público – que ocupa
Desconfia de bicho e de gente
Do que voa, ama ou bate
Meu partido, só, sem aliado,
Desconfia até da lembrança
Que preserva de si mesmo
Cartesiano, latino-americano e
Semianalfabeto, só lê
Gibi e poema concreto, canção de vaqueiro
E neologismos
Se diz apatriado, recolhe dos países
A língua materna, permeia
As fronteiras
Do sonho e enriquece
De amigos e histórias
Meu partido não faz propaganda
É a avó da Carmen Miranda
Dadá puro, baile punk e forró
Em festa na floresta tropical
Meu partido não se envolve
Não promove falcatrua
Não acusa, não ataca, nem recua
Fica sempre na sua, na mesma,
Toda vez e sempre
E diferente de Pessoa, não ser eu
não é suficiente
para ser todos,
mas para desconfiar
de toda a gente

(Wagner Pires)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

A voz das ruas: faces do hoje, faces do amanhã enfrentam os restos do ontem

Não me resta a menor dúvida de que os movimentos de preenchimento das ruas são pacíficos em sua maioria, e de que o tumulto acontece quando se encontra um mar de desejo contra os tubos de esgoto da repressão, tentativa armada de conter o que é justo e por isso mesmo inevitável.

As bombas são o vocabulário da desordem. Afora o ódio, como se a cada manifestação do desejo de viver fosse necessário responder com um desejo de vingança contra tudo o que respira. Pelo simples motivo de que as múmias ainda celebradas não vivem, não respiram, não desejam. E é necessário defender o seu Império. Antes que se devaneie demais, expliquemos que as múmias são os restos de um império da tristeza e da vergonha que se abateu por tempo demais sobre o planeta.

Durante muito tempo o que era incapaz de suportar o livre e o novo ocupou as ruas para manter o passado, fez trincheira, tocaia e barricada, descrevendo no horizonte a feia foto de si mesmo, intacto e tanto quanto possível ativo. Assim a cidade se faz a imagem do caos. Bandeirantes preadores de índios, de pretos, de pobres, vigilantes odiando a classe operária e média e todos os aliados da chusma espumam em seu ódio.

E sua espuma é gás para causar a dor, sua saliva é a bomba de borracha, spray e mentiras. Assim se pode reproduzir até um suposto infinito a história de indiozinhos inocentes, negrinhos trabalhadores e imigrantes baderneiros, que "ficaram na memória". A república dos fidalgos propõe a repetição da exploração e constrói a sua máquina de fabricar tristeza.

Ouvindo o que dizem nas ruas, compreende-se que não se trata de ódio, e sim de desejo, o que impulsiona o movimento das multidões. Que antes de ver no agente da repressão o inimigo, é preciso ver a repressão como inimiga. Antes de reconhecer no governo a função de manutenção da desordem humana e da má distribuição de renda, é preciso não imitar a sua tirania. E, por isso, ministros dizem não entender o que se ouve alto e em bom tom. E os porta-vozes do recesso preferem falar de latas de lixo.

Daqui, posso ouvir que sim, é preciso amar e lutar pela libertação de toda a humanidade, em toda parte. É preciso ter em si um ethos de paz, e não da paz do opressor. Não a paranóica paz do que rouba, do que oprime, porque este terá que fazer e enviar suas armas, para garantirem-lhe o sono. E, como algumas vozes nos lembram, é preciso amar, mas desta vez, como se fosse possível o amanhã.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Muchacha punk, passeata, SP, 2013

Ela dança, com suas flores
na avenida, com suas tranças
revoltas, sobre os cacos
de vidro na calçada

Ela dança, não sei se punk,
social ou etérea, concreta
e surreal com seus coturnos
em nada militares

Ela dança, com seus lábios
rosados, seus olhos pintados
de alegria

Ela dança, e me convida

sábado, 15 de junho de 2013

Amor em Passeatas

Então foi dito que o amor é ouro, prata, violeta
De outono em canção violenta, desesperada
Foi dito que amor queima e arde, mas sem
Que se possa ver. O meu arde depois de feito,
Queima enquanto toca, prende-me o ar,
Tira-me o fôlego e segura o ruído, o grito
Do meu amor é um rio que corre pra dentro
Do peito, e força passagem como mil
Passeatas, corisca-me os olhos, muda de cor
O ambiente, e ruboriza as veias, artérias,
Ou foge, estudante disperso por bombas
De calor, pressiona buscando
Caminhos em todos os sentidos,
Torturado apenas pela espera
E sabemos que nós dois conhecemos
Por onde precisa correr, o meu amor,
Freudiano ou drummondiano, quem sabe,
Percorre avenidas por mil e mil cidades
E só se acalma em você, reivindicação
Do meu movimento, única causa,
Desejo de amar, de novo e de novo,
Na viva calma dos corpos, suados,
Aninhados em seus parceiros
Únicos companheiros, reunidos,
Individuados, completamente livres
Afinal. O teu amor é a bandeira
Com a qual prenuncio os dias vindouros

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Hoje, aqui.

É preciso confessar minha tendência ao devaneio
Ao exercício da associação espontânea, à enumeração
Caótica de fragmentos, de afetos, memória
De lugares, de cenas, pessoas, objetos postos à margem
É preciso admitir minha coleção de fantasmas
De ossos, assombrações embaixo das camas,
Admitir que não uso camas, não me penteio,
Não passo embaixo de escadas,
Não suporto certos perfumes, e não costumo me barbear,
Embora escove muito os dentes e tome banho
Várias vezes por dia.
É bom lembrar que ainda revivo o dia em que assisti
a um jogo pela TV após chegar de um rodeio
E Walter Casagrande Jr. e Biro-biro
Mostraram a um garoto o que é DEMOCRACIA.
É preciso admitir tendência ao vício
De ficar à noite na rua procurando
Alguém ou o hábito de não voltar para casa
Depois de encontrar.
É preciso aceitar que estraguei meu dedo
E quase minha mão tentando destruir brinquedos
Só para não ter que emprestar a ninguém.
É preciso admitir que me desfiz das cartas
que escrevemos quando estávamos juntos.
É que eu não via sentido ou espaço onde deixar.
É preciso confessar que quase magoei
A coluna de meus amigos pulando em suas costas.
É preciso admitir que quase arruinei
Os estudos de minha mãe.
Que sonhei com cenas terríveis, talvez naufrágios.
Eu, marinheiro, pescador, arruinando navios.
Admito, com vontade de falar alto,
Que li “O Alienista” na fila do emprego.
É absolutamente necessário falar que Éder
É quem tratou bem minha família e que portanto
Ele tem acesso a toda a casa e mesmo aos corações,
Todo o direito anarquista de considerar-se parte disso.
E que Nelson também, e portanto também.
E que minha mãe conhece
Bicelli, que comeu macarrão em nossa casa.
É preciso falar que Douglas e eu desrespeitamos bêbados
Mas nunca desrespeitamos as meninas de madrugada.
E não é preciso falar de amadas,
Senão de Wanderléa, no Municipal,
De Ângela, no Gil, de Andreia em tudo que aconteceu.
De minha parceira de strip-poker nas manhãs de feriados.
E de minha agente secreta sem roupa, num bar
De rock na rua Padre Celestino.
É absolutamente importante lembrar que Ana
Muitas vezes se despe no espelho de minha casa.
Ou nas páginas de seu diário.
É apenas irremediavelmente necessário andar de bicicleta
Com J. Roberto na descida da Augusta, cada um pedalando de um lado.
É necessário ver meninas nascerem, meninas parirem, cantarem
Uma nova canção que escrevi.
É irremediável aceitar o convite de Kléber
Para voltar a Cananeia, onde escrevi o nome dela,
Em tinta de areia e pele.
Onde não tem lugar pra passar a noite.
E somos chamados para as festas.
É simplesmente necessário cantar
Nelson, Luciano, Rogério, Morales,
Willer, Vinicius Gonçalves e de Moraes.
Ouvir Rosane, Iládio e Henrique, Murilo Mendes
Na madrugada, deitar entre os latidos de meu cachorro
E os sorrisos da minha namorada.
É necessário expor poemas no salão, escrevê-los
Em camisetas, grudá-los nos muros
Onde os casais se conheçam, fazer novos musicais
Inspirado em HQs, máquinas retificadoras e Beatles.
É preciso ler, ver, ouvir Lourdes recitar Torquato
Ou Leminski de madrugada, Lilia Loman para a chuva,
E minha amiga Picoli para a pedra molhada, em Ibiúna.
Poemas concretos ou surreais para a casa abandonada na fazenda.
É preciso, antes de tudo, amar Castelo Hanssen.
É preciso admirar, desejar, querer, e muito, e bem, ao tango argentino
De minhas namoradas passadas, todas reunidas no silêncio de Ana.
No seu corpo suado de jogadora de vôlei, que somente ela tem
Aquele cheiro.
E que jogador de capoeira nenhum, lutador de boxe, tem coragem
De amar como se deve, à maneira de um leão, ou macaco ou
Elefante, à maneira de um bêbado, de um nascer
Do sol na Praça da República, em um apartamento da Ipiranga
Ou por trás de uma montanha de cobertores e copos
Espalhados pelo quarto, vibrando ecoando nossa risada.
Assim a vida se descobre sonho.
Pois não dançamos poemas neste pedaço latino-americano
Do planeta? Assim percorro, estrangeiro e só,
Por essas alamedas de memórias e sonhos.


(Wagner Lopes Pires)

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Lista de leitura para estas férias

Jorge Amado, Graciliano Ramos, Oswald de Andrade, João Guimarães Rosa, Antonio Candido, Ignácio de Loyola Brandão, Clarice Lispector, Josué de Castro, Darcy Ribeiro, Rosa Luxemburg, Henry David Thoreau, Errico Malatesta, Friedrich Engels, Karl Marx, Friedrich Nietzsche, Ariano Suassuna, Lima Barreto, João Antonio, Antonio Callado, Raduan Nassar, Raymundo Faoro, Jean-Paul Sartre, William Shakespeare, Matsuo Bashô, Claudio Willer, Roberto Piva, Vinicius de Moraes, Murilo Mendes, Plinio Marcos, Freud, Reich, Alexander Lowen, Ezra Pound, João Cabral de Melo Neto, Walter Benjamin, Paulo Leminski, Torquato Netto, Honoré de Balzac, Fernando Pessoa, Federico Garcia Lorca, Nelson Novaes Rodrigues, Jorge Mautner, Barão de Itararé, Pablo Neruda, Bertolt Brecht, Eurípedes, Sófocles, Aristófanes, Platão, Aristóteles, Stanislavski, Rabelais, Allen Ginsberg, Luís de Camões, Carlos Drummond de Andrade, Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Velimir Khlebnikov, Arthur Rimbaud, Conde de Lautréamont, Vladimir Maiakovski, Walt Whitman, William Blake, Miguel de Cervantes, Gregory Corso, García Marquez, Jorge de Lima, Mário de Andrade, Mário Faustino, Antonin Artaud, Mário Vargas Llosa, Charles Baudelaire, Júlio Cortazar, William Burroughs, Adam Smith, Reinaldo Moraes, José Lezama Lima, Stanislaw Ponte Preta, Jerzy Grotowski, João Ubaldo Ribeiro e Roberto Bicelli.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Virada Cultural 2013 - o que eu gostaria de assistir




Cida Moreira canta Iggy Pop e Tom Waits – palco Copam – Domingo 16h –
Teatro Popular Solano Trindade – Palco Pedro Lessa  -  Domingo 4h
Ritmistas, Jorge Mautner e Kassin – palco 25 de Março – sábado 18h e mais:

Metá Metá / Hurtmold / Lirinha / Céu / Tatá Aeroplano / Otto / Sidnei Magal / Fafá de Belém / Raça Negra / Leandro Lehart / Rappin Hood / Sombrinha / Jorge Aragão / Fundo de Quintal / Almir Guineto / Lobão / Billy Cox, Edgar Scandurra e Taciana Barros / A Banca / Rebeca da Mata / Zimbo Trio / Gal Costa / Black Star / George Clinton / Elza Soares / Renato Teixeira e Sérgio Reis / Criolo / Ensaio Aberto de Cacilda!  / André Abujamra / Fagner / Ângela Rô Rô / Walter Franco / Jorge Mautner / Eumir Deodato / Som Imaginário / Racionais MC’s / Wanderléa / Oswaldinho do Acordeon / Paulo Vanzolini (homenageado) / Renato Braz / Pepeu / Nelson Triunfo / Emicida / DJ Hum / Edy Rock / Carlos Dafé / Mau Mau / Thaide / Trio Virgulino / Balé da Cidade de São Paulo / Balé Capão Cidadão / Cia de Danças de Diadema – Paranoia / São Paulo Companhia de Dança / Sarau da Cooperifa / Z’Africa Brasil / Alice Ruiz e Alzira Espíndola / Mônica Salmaso / Homenagem a Paulo Leminski / Homenagem a Carlos Reichenbach / I Festival  Games Brasil / Mestres de Ofício: Cordel e Repente / Hélio Ziskind / Wilson das Neves / Skowa e a Máfia / Herivelto Martins 100 anos / As aventuras de Urashima Taro / Monarco da Portela / Marina de la Riva / Ibrahim Ferrer / DJ Dolores / Naná Vasconcelos / Curta Chaplin / Osesp / Carlos Matuck / Orquestra de Berimbaus / Rinha de MC’s / Falcão / Maratona de Dança Israelense / Eduardo Dusek na sua
 / Rica Amaral

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

No bar

Ela pediu amor
Eu trouxe
Com gelo

Amor na coxia


último baile. fantasias num palco, trapos ao chão. bastidores. lugar do primeiro
e do próximo beijo. nossas vidas se combinam neste camarim e se afastam ao
passarem ao longe da coxia. longe dos lugares marcados, dos acentos reclinados,
retornamos à indiferença. somente nos palcos sentimos a fineza do teu toque
de cetim. brutamente embotado em pigarro e lágrima, meu ar empurra teu peito.
minha perna empurra a cadeira à frente. e a tua? machucada neste
assoalho? tua pele roçando a minha me faz perguntar se estamos ou não vestidos,
se é meu o teu o colo coberto pela palma das mãos, por que não sinto frio nas costas?
será isto o amor? como saber? seremos em pouco tempo de novo meros amigos.
no momento presente, respiro teu ar. e isso basta. para saber, ao menos um pouco,
quem sou. wagner lopes pires

sábado, 5 de janeiro de 2013

Espelho, espelho meu.


Às vezes desconfio de minha cara no espelho, então refaço algumas autodeclarações, a fim de não ser confundido, aliciado:  sou protestante, anarquista, futebolista, amigo de raras mulheres, gosto de praia, vivo na Grande São Paulo, tive amigos na Postu*, não persigo protestantes, não quero nada com animais domésticos, embora já me encantara por bruxas. Durmo no chão. Não vou a marcha de sem camisas, nem defendo nenhum lado em conversas que não me chamem para entrar. Meu país tem vocação para colônia de férias racista, mas eu sou contra. Sou pardo na polícia, preto para muitos, e prefiro ser eu mesmo. Num país racista, sou negro, índio, filho de alguma coisa. Num país desconcertado diante de seu espelho (não somos eu?!?!?!?).
Por nem mesmo saber quem sou, defendo o direito de todos serem o que forem, principalmente não sendo fascistas. Penso mesmo que só o racismo, o fascismo e a exploração podem sustentar a mentira neste país de analfabetos, neste país de violências, de cópias mal-feitas de super-heróis das histórias em quadrinhos ou subprodutos do cinema B.
Por isso me oponho ao analfabetismo - não à cultura oral, que é outra história - e à falta de informação, e àqueles que subvertem o texto informativo tornando-o manifesto de suas vaidades. Amo o jornalismo sobre muitas das artes. Exceto a dança e as várias músicas que, como primatas, criamos.
Minha pátria pode ser a língua inglesa, a italiana, a portuguesa, tanto faz. Falamos latim, e Camões é brasileiro.
Amo viver no país onde nasci. Detesto injeções. Não uso - voluntariamente - drogas. Não cuido das vidas dos outros. Sou um tanto desinteressado.
Amo meu país. Mas envergonho-me de suas discussões contra os direitos humanos. E de suas políticas à base de trocas. E de desviarem dinheiro da educação para fazerem qualquer outro uso, público ou privado. E de suas pessoas vivendo à margem de córregos. Favelas e condomínios à margem dos córregos, porque não aprendemos a preservar as águas.
Sou índio.
Não gosto de pássaros. Gosto de comer. De correr. E de jogar bola. Também gosto de ver amigos. De conversar, falar, escutar, ficar olhando as caras deles. Gosto de poesia. Herdei de meu pai o gosto de viagens. E uma pilha de livros e discos.
Gosto de informar. E de ver televisão.
Desenho animado, para mim, pode ser minha imagem projetada na parede da caverna. Quadrinhos, meus desenhos primitivos voltando à vida, à visão.
Gosto de amar, e de andar, e de falar, e de ficar quieto, de vez em quando. E sou feliz por estar vivo, e feliz por ter conhecido pessoas que admiro, e feliz porque respiro.
A literatura me emprestou os marxismos e a representação das mulheres. As mulheres me deram tudo.
A cada dia, durmo. É tudo.


(Na Postu* citação de Vladímir Maiakovski, mencionando amigos na agência cultural)

domingo, 3 de junho de 2012

Lançamento de livro: psicanálise para crianças

Dia 30 de junho será lançado o livro "Atendimento psicanalítico com crianças", resultado de trabalho realizado por equipe do IBCP - Instituto Brasileiro de Ciência e Psicanálise". Pelo tema, e pela seriedade com que o instituto o trata, vale conferir. Wagner Pires.

quinta-feira, 15 de março de 2012

O homem da Chiclete com Banana é destaque no Porta Curtas e tema de exposição no Itaú.

Algumas vezes Angeli:

No sítio do Porta Curtas, podem-se ver os filmes "Angeli 24" e "Dossiê Rê Bordosa": http://www.portacurtas.com.br/index.asp

No Itaú Cultural, divulgação da exposição que abre hoje: http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2841&cd_materia=1852

Dois espaços onde ver o editor-desenhista referência dos quadrinhos brasileiros.

Ainda, em seu próprio sítio: http://www2.uol.com.br/angeli/.

terça-feira, 13 de março de 2012

Parece que saiu do ar.

Finalmente. Após meses sem publicar, parece que o blog "Cultura Geral" - http://antropoesia.zip.net  - saiu do ar.
Pelo menos é o que informa a página principal do site, quando tento acessá-lo.
Bom. Medido em números, publiquei perto de 3 anos, com acessos em torno de 12000.
Em números, é isso, mas o mais importante, para mim, foi comentar acontecimentos quase que imediatamente, deixando mais ou menos clara a minha posição sobre eles. Também serviu para divulgar atividades da Antropoesia, no período.
Agenda cultural, fotos, publicações de terceiros, e muitas "republicações".
Contrário à ideia de divulgar o blog, evitei colocá-lo em sites de divulgação.
Ainda assim, pessoas incríveis passaram por lá.
Depois de suspeitar de ser censurado - o blog saía do ar toda vez que falava em política - e de ter sido - de fato - censurado "iternamente" por falar de um artista "desconhecido", Hélio Oiticica, teimei, "mais resoluto", em escrever com liberdade.
Mas cansei de publicá-lo, porque blog que presta tem um pé na ação, e o meu estava apenas no mundo digital. Se não estava atuando - ponto crucial na atividade de "blogueiro" é você fazer parte de alguma iniciativa fora do mundo virtual, que legitime sua fala - não via sentido em continuar.
Por isso, como despedida, deixei alguns arquivos de poemas para não concordar com a ideia de que eu só publicava textos de outros autores, escondendo os meus.
"ALGUMA POESIA", "FÓRUM DE LEITURA" e "CULTURA GERAL" foram alguns dos nomes que o blog recebeu. Nele se comentou política, eleições, anistia, artes plásticas, quadrinhos, pop e, claro, literatura.
Celebraram-se muitos amigos - obscuros e anônimos, ou de "notório saber". Acima de tudo, experimentei diferentes maneiras de escrever.
Algumas dão certo.
Desde que parei com o "Cultura Geral", passo a escrever aqui, uma espécie de "back up" para o que ponho no Facebook. Novamente, um espaço despretencioso.
Infelizmente, desengajado demais segundo meus próprios critérios.
Wagner.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Livros nos trilhos, segunda parte

A moça ao meu lado trazia um livro "Sintaxe da Linguagem Visual", e me fez lembrar de uma coisa. Há dois dias tenho reparado livros interessantes nos trens da CPTM. Ontem, ao subir a escada, eu me perguntava que tipo de gente anda com um exemplar de Stephen Hawkins, "O Universo em uma Casca de Noz".
Fiquei espantado.
Que tipo de ser humano frequenta esses trens?
Ainda no mesmo dia, estação Capão Redondo, metrô. Saco meu "Bioenergética", de Alexander Lowen, com algum medo de ser pretencioso.
E o rapaz a meu lado lê um "O Povo Brasileiro", do Darcy Ribeiro.
Parece que foi descoberta uma utilidade para os longos momentos passados sobre trilhos.
Leituras. Abraço.
Wagner Lopes Pires.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Espaço "Troca-Livros" pode se mudar por "falta de público", em Guarulhos.

Pessoal, até onde sei, o Espaço Troca-Livros funcionaria na avenida Tiradentes - no mesmo prédio do Conservatório - apenas até este fim-de-semana de carnaval. Depois, tinha destino incerto.
A justificativa apresentada, como pode-se encontrar pelos próprios atendentes, é que o espaço tem pouca procura.
Penso um pouco diferente. Apenas, como usuário, fiquei sem saber se eu seria um dos poucos a utilizá-lo - afinal "ELES",  gestores, sempre sabem mais do que nós, cidadãos.
Mas soube que o Coletivo 308 (http://coletivo308.blogspot.com/) também estranhou a mudança, e repasso aqui a reivindicação feita, para que o espaço seja mantido. Há um abaixo-assinado disponível em seu site.
Sem ter acesso à informação real sobre o motivo para transferir/encerrar o espaço (ainda não tentei os informantes de praxe), sugiro pensarmos se, mesmo sem ser nominalmente mencionado como política pública, o TROCA-LIVROS não corresponderia ao item "melhoria do acesso ao livro e a outras formas de expressão de leitura", do Plano Nacional do Livro e Leitura - http://www.pnll.gov.br/.
Aliás, se houver dúvida, penso ser útil reivindicarmos que seja incluído explicitamente o nome "Espaços para troca de livros" no plano nacional, a fim de impedir que trocas de gestores acabem com projetos de utilidade para melhorar o acesso da população - pelo menos dos leitores - a obras que de resto poderiam ser difícil de adquirir.
Hoje, tendo passado no Troca-Livros em seu último (?) dia de funcionamento, poderíamos apontar obras de Marcos Rey, Jorge Amado e Guimarães Rosa, ao lado de textos internacionais, de John Updike, Marguerite Duras e outros; E ainda - mais importantes para estudantes de língua e ou literatura - os "Cadernos de Literatura" publicados pelo Instituto Moreira Salles.
Com forte presença de livros de ficção, o espaço - que sobrevive de doações ou material levado para a troca - contava também com dicionários, materiais de História, Geografia, Direito, Psicologia, Religião, Artes, Educação, Administração, e muitos títulos de Educação e Literatura Infanto-juvenil.
Mais do que encerrar as atividades do espaço - ou dificultar seu acesso - penso que seria de grande valia divulgá-lo.
Afinal, não é somente o que é pago que vale. Paranoia de costume: não seria justamente o aspecto "gratuito" que torna o espaço menos atraente para o poder público, às vezes vivendo tão próximo do mercado que se desinteressa por ações pouco dispendiosas?

Wagner Pires.

Reproduzimos:
Link da Prefeitura de Guarulhos: http://novo.guarulhos.sp.gov.br/
Link do Coletivo 308: http://coletivo308.blogspot.com/.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

De vez em quando eu saio por aí.

Luciano, poeta, que termine esta canção. A ideia vem dele, de sua sacada à Wally Salomão, dizendo-se ser "um gato esperto". Gíria alienígena para mim. Porém, presente em música de Gilberto Gil.
E eu que musico Luciano todo o tempo - fico cantando seus textos - penso que Luciano Dias Soares deveria terminar esse meu "poema" cantado.

[De vez em quando / eu saio por aí / sem ter o que fazer / sem ter o que falar / Um gato esperto / procurando gata / revirando lata pra se alimentar / Um gato esperto procurando lata / procurando lata / procurando gata / para se enroscar.]

Isso viria com uma música estilo Antropoesia, maliciosa, ingênua, desinteressada. Entre um blues urbano e uma guitarra de jazz. E por falar em jazz, penso cada vez mais em reler o Gregory Corso.

Gregory Corso parece um canto de liberdade, nas frases muitas vezes nonsense ao som de uma melodia selvagem. Gostaria de relê-lo e respirar aquela liberdade.

Num dia de sol. Wagner Pires.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Jean Narciso, poeta, por Vinícius Gonçalves de Andrade, "Memórias de um Aqualouco"

Saiu livro de poesias de Jean Narciso. E Vinícius Gonçalves de Andrade não deixou passar em branco.  A seguir,  texto sobre a publicação. O próprio Jean nos enviou link, informando onde e como encontrar o livro que, de certa forma, comemora dez anos de publicação do autor, neste 2012. Toda força, Jean. Leiamos, divulguemos, passemos adiante.




"MEMÓRIAS SECAS DE UM AQUALOUCO E OUTROS POEMAS” E A POÉTICA DE JEAN NARCISO (por Vinícius Gonçalves de Andrade)

A poética de Jean Narciso adquire consistência maior quanto mais é abstraída de uma relação com a realidade.
A imaginação, cindida da vida, é recuperada para englobar a existência no plano da representatividade, Destarte, não mais estamos diante da crítica social, do registro documental ou da literatura que busca antecipar-se aos fatos. Em “Memórias secas de um aqualouco e outros poemas”, o poeta insere o indivíduo e a idiossincrasia na execução de um projeto interpessoal, e renova a universalidade do ser como o mais primordial dos temas e dos mitos. Quem é o aqualouco de posse desta identidade senão o homem à espera de um reflexo, de uma referência com a qual possa seguir sem o vazio e a lacuna do esquecimento? O aqualouco tenta inaugurar um futuro sem esquecer de si, e investe nesta empreitada sua essência. Mergulhar, pular, saltar, lançar-se: toda a ação futura depende da origem na ação pretérita. A mensagem possível: não há surgir para a eternidade fora da linha do tempo. E consagrados no tempo jazem os brios do ego a orbitar em torno de ego. O esforço de entendimento e de compreensão passa a ser objeto de questionamento; aqui, qualquer método interpretativo é ilusório; qualquer corrente de interpretação se anacroniza: o aqualouco vive em um mundo obscuro e sem méritos. E no hermetismo do enredo não nos é dado desvelar todos os desígnios. A perda se adensa na extensão do poema. A liquidez das etapas pode ser sinonímia de todos os esgotamentos possíveis. O aqualouco, ser da anomia, guarda em si a totalidade dos percursos e destinos. A trajetória humana, confundida com a “dramaturgia do pulo”, está aberta ao veredicto das mais diversas (ou disparatadas) subjetividades. "
Informações adicionais


Nome: Memórias secas de um aqualouco e outros poemas
Autor: Jean Narciso Bispo Moura
Editora: Beco dos Poetas
76 páginas


ISBN 9788562337345

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Preferidos. 1a Parte.

1. O céu de Lisboa; 2.Terra em Transe; 3. Terra e Liberdade; 4.Eu; 5. Limite; 6.Roma, cidade aberta; 7. Ran; 8. Matrix; 9. A terra treme; 10. Tempos Modernos; 11. O sol da meia-noite; 12. Noites Vazias; 13. Em Busca do Ouro; 14. Outubro; 15. Encouraçado Potemkim; 16. Nostalgia; 17. O sétimo selo; 18. Jesus de Montreal; 19. Bye, bye, Brasil; 20. Arquitetura da Destruição; 21. Azumi; 22. Fausto; 23. Metrópolis; 24. Cidadão Kane; 25.Na Estrada Vida; 26. Decameron; 27. Hackers; 28. O gabinete do Doutor Caligari; 29. Uma noite alucinante; 30. Alice no País das Maravilhas (desenho); 31. Freud Além da Alma; 32. O Ilusionista (surrealista); 33. Casablanca; 34. A família Adams; 35. A Pantera Cor-de-rosa; 36. O violinista; 37. Blade Runner; 38. Marta (versão alemã); 39. O velho (documentário); 40. Marvada Carne; 41. O processo; 42. Asas do desejo; 43. Cinema Paradiso; 44. Splendor; 45. Beijo 2348/72; 46. Paris, Texas; 47. Noivo neurótico, noiva nervosa; 48. Quem é esta garota?; 49. Viagem à Lua; 50. A liberdade é Azul; 51. Lanternas vermelhas; 52. Napoleon; 53. O senhor da Guerra; 54. Amadeus; 55. Solaris; 56. Vidas amargas; 57. Morangos silvestres; 58. Rio 40 graus; 59. O Planeta dos Macacos; 60. Sid e Nancy; 61. Via Láctea; 62. Bird; 63. Mais e melhores blues; 64. Crimes e pecados; 65. O Cão Andaluz; 66. Viagem ao centro da Terra; 67. A chinesa; 68. Alphaville; 69. O idiota; 70. O homem que virou suco; 71. O bandido da luz vermelha; 72. Macunaíma; 73. O padre e a moça; 74. Asas da Liberdade; 75. O baiano fantasma; 76. Príncipe Suzano e o Dragão de Oito Cabeças; 77. Os Saltimbancos Trapalhões; 78. Viver mata; 79.O casamento dos trapalhões; 80. O colecionador

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

poema. wagner pires

Glamour
Sou quem procura teu corpo
Quem olha o mar
Quem passa a noite por túneis
E conhece
A fantasia
Sou quem conhece teu corpo
O sentido, o gemido
Os olhos fechando
A boca se abrindo
Chamando
Pra amar

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Primeira.

Pela primeira vez eu quase sinto o que se diz ser a distância dos presentes. Tido como quase apático, tenho em mim  a distância que vai de um ser humano a outro e que penso ser menor do que a existente entre estrelas. Vivi em um mundo habitado por estranhos próximos, calorosos amigos, mulheres bonitas o bastante para alimentar a imaginação e tudo isso permeado por enormes distâncias diárias: trabalho a 40km "de casa", estudo a 30. Anonimato defendendo os pequenos toques, cenas imaginárias ou vistas entre o sono e o sonho. Vi, amei ou tive a mulher a meu lado? Quem era aquela?
Assim, tendo percorrido percursos imaginários, ouve-se, ao fim da rota "para quê?".
Isso me perturba, tira o pouco de sono definido como saudável, devolve uma vagarosa ansiedade: terei que consumir mulheres? percorrer estradas? andar em praias desertas pensando ser magia o que na verdade é fumaça?
Perturbarei a paz ou incomodarei funcionárias públicas? Temerei enfermeiros ou retiro outra parte de meu corpo enquanto dá? Pago o cinema?
Farei um desenho?
Príncipe Suzano. A mitológica mulher nervosa, sabe-se lá por quê, em visões alternativas não persegue seu amante?
Quem se importa - amar a frase que ouvi: Who cares? E, em minha mitologia, amar frases é igual a amar cachorros, que estes, como diria um bêbado morto, sabem que amar é abanar o rabo.
Feliz dezembro.
Wagner Lopes.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Seminário de Crítica Literária no Itaú. João Cezar de Castro Rocha.

Mais uma passagem para assistir ao seminário de crítica do Itaú. Evento bienal, assumiu o formato de um concurso para publicação de estudos críticos em livro - neste ano saiu o segundo volume - acompanhada da realização de debates ou oficinas no Instituto Itaú, de SP.

A primeira coincidiu com a oportunista comemoração (?) de centenário da morte de Machado de Assis (hein?) e não se pode escapar de ouvir uma ou outra bobagem em torno do tema. Entretanto, foi justamente um estudioso de Machado de Assis a grande presença em ambas as edições, João Cezar de Castro Rocha. O professor tem trazido uma visão menos pesada sobre os temas literários, sobre a crítica e mesmo sobre a universidade, e sua exposição passional faz valer a pena assistir a suas intervenções. Participou de ambas as edições e parece mesmo ter-se tornado uma espécie de consultor para o evento (http://conexoesitaucultural.org.br/biblioteca/os-novos-caminhos-da-literatura-brasileira-no-exterior/). Pelas suas contribuições, já o evento pode se considerar justificado. Wagner Lopes Pires

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Valdir Lira. Lançamento de CD. Boa MPB.

Sai o CD com composições do Valdir Lira, e passo às pressas a informação que tenho. Valdir é violonista, baixista e outras coisas boas nas cordas, e já era demasiado longa essa espera por ouvir sua obra gravada. Segue o texto. Abraços. Wagner Lopes Pires.

"Gente, ouçam no link abaixo as minhas composições em parceria com o Edu Leal, Violas, Violões e Espiral. As outras também estão maravilhosas e não percam o Show dia 17 próximo no Espaço Cachuera. Valdir Lira"

http://www.myspace.com/edulealcompositor/music/songs/08-espiral-85631194

domingo, 4 de dezembro de 2011

Ganhar ou perder, mas sempre com DEMOCRACIA

Sócrates democrático Brasileiro. Na minha vida pude ver alguns gênios, alguns em ação, outros falando, outros, simplesmente tomando café. Sócrates é um desses. Outros, Maurício Tratemberg e Rachel de Queirós.
Incrivelmente, todos políticos, libertários, extraordinários.
Eu tinha 8 anos quando vi, estampada na revista, a foto pedagógica do Corinthians - campeão paulista - com a faixa "Ganhar ou perder mas sempre com democracia". Havia algo em jogo além do jogo. Minha consciência incipiente percebeu. Como não perceber?
Sócrates era o maior gênio em uma geração de gênios: Zico, Maradona, Reinaldo e Luís Pereira.
Seus toques, nada menos do que mágicos, eram desconcertantes; seus dribles, irritantes de tanta beleza.
Por essas - talvez - teve a responsabilidade de apresentar a tarja de capitão da maior seleção de todos os tempos, capitaneando Zico, Júnior e Leandro, Cerezo, Falcão e Éder. Treinado por Telê Santana.
O time dos sonhos levava a sina dos revolucionários: encher de amor o planeta, desta vez sob o nome de ARTE. No Brasil, a legenda Sócrates derrubava tabus: jogador bêbado (todos são?), político (muitos são)  inteligente (todos são?). A ponto de preferir formar-se em Medicina antes de dedicar-se ao dom máximo que teve.
"Eu tive que inventar um jeito diferente de jogar, devido ao meu tipo físico". "Ia jogar no São Paulo, o Corinthians apenas entrou na negociação para atrapalhar". Citações de memória.
Imprevisível, apenas sua fala era prevista: cortante, firme e geralmente "seca", acompanhada, algumas vezes, pelo riso inteligente. Por isso assistia, quando podia, suas intervenções na televisão Cultura, de São Paulo.
Inteligência que brilha, como um poema.
Sócrates, como Djalminha e Edmundo, nossos "contemporâneos", ou Garrincha, para os mais velhos, mais do que outra coisa é a subversão do futebol. Um Neymar.
A inteligência que dança. Por Sócrates. Um Brasileiro. Ganhar ou Perder. Mas sempre com Democracia. Wagner Lopes Pires

domingo, 20 de novembro de 2011

Sesc Pinheiros exibe Miles Davis

Enfim uma exposição interessante, bem montada e com artigos que emocionam a valer. A exposição "Queremos Miles", no Sesc Pinheiros até 22/01, com entrada gratuita, permite ver, ouvir e deliciar-se com itens que correspondem às histórias do jazz.
Gênero essencialmente norte-americano e fruto do cruzamento entre as músicas populares e certa erudição, o jazz foi muito bem acolhido também na Europa, fazendo transcender os limites da perseguição racial dentro dos Estados Unidos.
A exposição do Sesc se inicia com a educação do filho da classe média norte-americana supostamente dividido entre os mundos das culturas "branca" e "negra", que encontra lugar entre os gênios do bebop, deixa o estilo em favor de formas amenas, percorre o longo caminho estético e comercial da música "pop" - passando pela "black music", blues, rock e trilhas sonoras de filmes.
A cada sala pode-se descobrir uma nova faceta de Miles, e saborear capas de discos, peças de roupas do músico, revistas, fotos, ouvir áudios de fases distintas e assistir a filmes, documentários e entrevistas com ou sobre Miles.
Ainda por cima, ver de perto instrumentos usados por músicos da altura de John Coltrane, cujo sax também está exposto.
Mais que isso? Só Miles. Wagner Lopes Pires.